quarta-feira, 4 de julho de 2007

Treze Homens e Mais um Segredo

Treze Homens e Mais um Segredo é o que o título sugere: mais do mesmo. Não é necessariamente ruim, mas tem defeitos que os filmes anteriores evitaram.

Quando se ganha dinheiro, a coisa mais automática a se fazer é tentar ganhar mais. Essa idéia domina todos os ricos do mundo (os honestos e os pilantras), e Hollywood, obviamente, está cheia de pessoas ricas. Já que a refilmagem de “Ocean’s Eleven” fez sucesso, a seqüência era inevitável. “Doze Homens e Outro Segredo” também deu grana para os cofres da Warner Bros., portanto, lá veio “Treze Homens e Mais um Segredo”. Os resultados na bilheteria dizem que haverá um “Ocean’s Fourteen”, mas é recomendável que não aconteça, por um simples motivo: a série está ficando cansativa. Embora todos sejam divertidos, os roteiros decaíram vertiginosamente a cada filme.

Dessa vez, a gangue de Danny Ocean (George Clooney) está relaxada e segura, cada um cometendo seus próprios delitos e tocando suas vidas criminosas. No entanto, Reuben (Elliot Gould) perde tudo o que tem para o empresário Willie Bank (Al Pacino), que o passou para trás no negócio de um cassino. Depois de sofrer um ataque cardíaco e ficar de cama, os antigos comparsas resolvem vinga-lo, atacando Bank do jeito que sabem: tentando roubar mais de 500 milhões na noite de estréia da luxuosa casa de jogos. No entanto, o intrincado plano sofre muitos percalços, e o pior deles é a necessidade de Terry Benedict (Andy Garcia) para financiá-los.

Entre a constelação do elenco ainda estão Brad Pitt, Don Cheadle, Matt Damon, Bernie Mac e Vincent Kassel, e o grupo de ladrões ainda nem está completo - a título de curiosidade, ainda há Scott Caan, Casey Affleck, Eddie Jemison, Shaobo Qin e Carl Reiner. A inclusão de Terry como o décimo terceiro homem de Ocean serviu apenas para facilitar o título da produção, pois ela é um tanto gratuita na história (ele não era o único homem rico de Las Vegas, com certeza). Entre tantos personagens, seu espaço na trama é bastante limitado, mas ele protagoniza algumas cenas engraçadas.

A maioria dos outros também tem pouco tempo em cena. Organizar treze personagens, em parte, principais, e dar oportunidade para que todos sejam desenvolvidos é uma utopia incabível. Portanto, alguns recebem atenção especial, até uma relativa profundidade, e outros apenas fazem sua parte no golpe. Não é difícil adivinhar os principais: Rusty (Pitt) e Ocean aparecem juntos várias vezes, conversando sobre a vida e, pasmem, sobre seus sentimentos. Seus respectivos atores acertaram em cheio, encarnando a aparência “cool” dos ladrões. Linus, o bom papel de Matt Damon, também ganhou um considerável tempo em cena, assim como o ótimo Gould, cujo personagem é a força motriz do roteiro.

Al Pacino é outro que se ressalta, mantendo seu típico histrionismo longe de Willie Bank, que é o tipo de empresário fechado, prepotente e arrogante. É uma pena que seu personagem seja tão previsível e imbecil. Muito do plano bolado por Ocean está calcado no ego enorme de Bank, e tudo depende de uma escolha totalmente infantil e idiota por parte do empresário – e ele age de acordo apenas para a história continuar fluindo. E, não só isso, boa parte do roteiro ignora quaisquer sinais de inteligência por parte do espectador, oferecendo explicações simplistas, planos esburacados e momentos tolamente improváveis. No entanto, a caótica subtrama no México vale por um inspirado Affleck e pela criativa insanidade.

Soderbergh carrega “Treze Homens e Mais um Segredo” em um estilo visual vazio, chupado dos outros dois filmes da série, e que não acrescenta nada ao filme. A única coisa que dá estilo é a trilha sonora baseada em jazz, animada e agradável, que se encaixou perfeitamente no ritmo da produção. O diretor também acerta a mão no humor, talvez compensando o roteiro absurdo, fazendo rir do começo ao fim, mesmo nas piadas mais óbvias. Ele também acerta ao acelerar o passo, espantando os críticos que diziam que “Doze Homens...” era muito lento: agora, os planos se desenrolam por dias a fio, mas apenas as frases mais essenciais aparecem na projeção, e tudo acontece muito rápido.

A elegante e estupenda edição foi essencial para manter o ritmo empolgante. A direção de arte também cumpre seu papel, mostrando o luxuosíssimo e moderno cassino com impressionante riqueza de detalhes, e as visões panorâmicas do prédio são fruto de bem realizados efeitos digitais.

Embora contenha incontáveis falhas técnicas, “Treze Homens e Mais um Segredo” se prova um filme de verão tão eficiente quanto o último “Piratas do Caribe”, embora deixe de lado os efeitos e a barulheira para se focar no elenco afiado e na comédia rasgada. Funciona bem, mas exagera por ultrapassar a barreira do descompromissado e se tornar desleixado.

Nota: 6,0